quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Pulo



Pulou o mais alto que pôde, sem parar para analisar as dores que a queda poderia causar caso fosse mal sucedida.

''Bem melhor assim diga-se de passagem!'' - disse para si mesmo.

O pulo foi considerável, mas as mãos não tiveram mais do que vento pra apalpar, vento esse que no fim das contas era parte do céu que fora almejado antes do salto, ótimo então. 

Os músculos estremeceram durante breves segundos, logo que os pés voltaram a pisar no chão e a sensação ligeira e passageira de formigamento era o máximo! 

Pouquíssimo tempo, mas tempo o bastante para se sentir livre do peso inverso que o mundo fazia contra o corpo. 

Quanta leveza!

Que maravilha que era poder pular, tão singelo, tão bobo, tão subestimado.

Felizes mesmo são os paraquedistas e saltadores.

Pulou por que queria se sentir nas nuvens, estar mais perto do criador.

Criou algum espaço entre seu ‘Eu’ e todo o resto. 

Por menor que fosse o tempo, pôde se sentir livre de qualquer sentimento ou pensamento ruim que estivesse lhe atormentando.

Quanta leveza!

Nada mais seria preocupação, não haveria mais estresse ou dores de cabeça, não durante o salto.

Catapultas e estilingues, foguetes e aviões, helicópteros e pipas empinadas, saquinhos plásticos de supermercado, folhas, pássaros, borboletas, abelhas, insetos voadores...

O céu é tão imenso que dá até vertigem, infinito demais por falta de redundância.

Quanta leveza!

Depois do pulo, resolveu se sentar para admirar o céu.

Lindo.

Virou o pescoço o máximo que conseguiu antes de dar torcicolo e acabou caindo deitado.

Riu de si mesmo.

Vagou com os olhos carinhosamente por cada milímetro de azul que conseguiu.

Lembrou do roxo da noite e do laranja do amanhecer.

Sorriu com a lembrança.

Quanta leveza!

Se perdeu na vastidão da miragem e nunca mais se encontrou.

Ficou feliz em se perder no meio de tanta beleza.

Viveu para sempre, virou estrela.

Plim.

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